Temos, na luta contra os falsos condomínios ou a privatização do espaço público, aqui em Nova Lima (MG), “amigos” que, como os liberais mais clássicos, (que não admitem, por visão ideológica, que haja, na sociedade, contradição antagônica, sendo as contradições sociais, para eles, sempre conciliáveis e resolvendo-se assim, sempre, com o bom mocismo) vivem com suas posições oscilando, permanentemente, entre o ambíguo e o contraditório:
Eles combatem a idéia de condomínio (ou o simples “condobairro” ou “bairro fechado”) mais porque isto implica no pagamento de mensalidades – R$350,00 - que, justamente, não querem nem devem pagar porque esta “taxa” é absurda, ilegal. Mas não basta, no entanto, combater a taxa, é preciso combater a tentativa, desvairada, de privatizar o bairro e ocupar o espaço público. Quem pode ganhar com isto são os grandes, nas posses, na propriedade, no dinheiro. Os médios perdem mas os pequenos perdem sempre e mais que todos.
Os “amigos’ querem, ainda, abrir as portas do bairro – fechadas em muitas bandas ou saídas pelos privatistas - mas não querem acabar com a cancela na entrada central. São, por isto, fracos na crítica à omissão do Prefeito, em relação à imperativa aplicação da lei e a realização da abertura completa das vias públicas do bairro.
Chamei um(a) desses amigos, certa vez, para testemunhar o barulho infernal – karaokê a qualquer hora do dia e da noite e outras manifestações igualmente barulhentas - do dono do posto de gasolina e da Pizzaria (sem o mínimo preparo para conviver com seus vizinhos) que funcionam juntos, aqui pertinho. A pessoa veio, presenciou e escutou o barulho mas como ela e seu marido são amigos do dono posto, na hora de botar o preto no branco, se negaram a testemunhar e assim acabar com o barulho infernal da Pizzaria.
Estas pessoas são confusas, ambíguas, contraditórias. Os exemplos desse comportamento sempre fraco, rasteiro, dúbio, insultuoso, pelas costas, são numerosos. Ele impede a unidade dos moradores e mantêem, com sua ambigüidade, o clima de intolerância, agressões e conflitos permanentes que os privatistas impõem aqui. O nosso já é, graças a deus, um movimento nacional das e pelas vítimas dos falsos condomínios e contra a ocupação privada do espaço público. O bom mocismo dos liberais, ambíguos e contraditórios, é uma linha auxiliar, ideológica e política, da ocupação privada do espaço público. Nós denunciamos aqui este comportamento por sabermos que ele não está presente só aqui mas em todos os bairros do país onde estamos combatendo a privatização.
Os coronéis locais querem, na lei ou na marra, estabelecer o condomínio ou o “condobairro” ( sem nenhuma preocupação com os interesses da comunidade mas de olho na salvaguarda do valor de suas propriedades) privatizando tudo e dispensando os serviços da prefeitura e da PMMG. Por isto impõem um segundo imposto, que são os R$350,00 ilegais, de “taxa”. Boa parte dos nossos “amigos”, parecem ser mais contra esta “taxa” ilegal que contra o condomínio! Eles, os nossos “amigos”, não querem, também, a luta política para acabar com as imposições e desordens porque querem manter as relações de paz e amor com os coronéis locais.
A imposição, obviamente ilegal da taxa “condominial”, assim como a sua cobrança judicial agridem o direito de propriedade. Como se vê, nem o “sacrosanto” direito de propriedade os burgueses condominiomaníacos respeitam!
Ainda bem que por causa da luta contra a privatização que cresce em Nova Lima e no Brasil, a justiça (também em Nova Lima) está passando para o nosso lado. Se não fosse assim os proprietários que vivem aqui perderiam suas propriedades.
Com o apoio dos companheiros e amigos acabei ficando à frente do movimento antiprivatista. Os mafiosos e nossos “amigos” não gostaram. Sabendo como sabem, sempre, quem são seus maiores inimigos, organizaram, então, uma milícia local para me agredir.
Tudo começou no dia em que organizamos uma manifestação na entrada do Bairro Ouro Velho contra as cobranças judiciais impostas pelo falso condomínio. Com faixas e reunindo alguns dos nossos associados, distribuímos aos passantes um boletim explicando a nossa posição. Ao ver passar o ônibus que transita no bairro, que é uma concessão pública, transportando os trabalhadores locais - um dos empecilhos para a implantação do Condomínio - pedi ao motorista para subir e falar, por alguns instantes, aos passageiros. O motorista aceitou gentilmente o pedido e me concedeu o espaço para a fala que, afinal, foi aplaudida.
A minha presença e atuação no contexto daquela manifestação não passaram despercebidas. A funcionária que estava na Portaria do “Condomínio”, com as antenas sempre viradas para os interesses e humores dos seus patrões, da Associação privatizante e uma figura masculina que lhe fazia companhia, não me perderam de vista. Eles passaram, daquele dia em diante, a hostilizar-me permanentemente, com insultos, palavrões e cancela fechada para a passagem do meu carro.
Só descobri mais tarde que o homem que acompanhava a “porteira” era o mesmo que, desde então, quando da minha entrada no bairro, passou a gritar palavrões para me ofender à distância, inicialmente escondido, da janelinha do banheiro da sua loja e depois abertamente, da porta da sua casa de tintas, na área externa do bairro. Decerto, consideraram muita “ousadia” de meus companheiros e minha, tornarmos pública aquela situação ilegal e imoral que, no entendimento deles, deveria ficar restrita ao bairro. Este foi o ponto de partida para a formação da milícia e das agressões contra mim e meus companheiros da Associação dos Moradores.
Leiam, portanto, para o conhecimento dessas agressões, o artigo do colega José de Souza Castro, “SOS PARA O PROFESSOR MASSOTE”, publicado neste BLOG.
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Comentários:
Só que esse mundo deles está apenas na cabeça miudinha de cada um desses párias. Querem se mostrar bonzinhos. Mas isto é falha de caráter, coisa que não se corrige facilmente como o hábito de falta de educação que é “falar com a boca cheia”.
A Internet é uma boa arma para disseminação da ideias e denúncias contra o esses falsos condomínios. Verifico também que a instância maior para se resolver tantos casos escabrosos com esse é a Procuradoria-Geral da União e me parece que tudo marcha celeremente para esse rumo.
De resto fica aí minha inteira solidariedade.
Persichini
M. Fatima Leite
Professora Associada - UFMG
Todos deveriam seguir, no entanto, a lição do professor e cientista político Fernando Massote que está comandando ação judicial contra grupos que pretendem privatizar o seu bairro, o OURO VELHO, de Nova Lima, que todos conhecemos. Massote puxa uma corrente civilizadora contra a ocupação privada do espaço público. Este é já um movimento nacional. Estes grupos despreparados, insultuosos e agressivos, fazem isto sem o apoio da lei, dos moradores locais e das instituições.
Estou com o amigo Abraço Fernando Massote e não abro.
http://www.metro.org.br/sebastiao/bairro-mangabeiras-bh-llamas-paramilitares-e-vaias
Destaco o seguinte trecho, falando do Bairro Mangabeiras:
“Há, naquele bairro, para se ter uma idéia, ruas fechadas exclusivas de meia dúzias de moradores. Acredite se quiser, existe uma rua totalmente fechada para a moradia de três famílias. Ali há até criações de animais como lhamas e outros bichos. O caminhão de coleta de lixo só entra depois de identificado por paramilitares que prestam serviços aos bilionários donos do pedaço. Esta rua, nos mapas, não aparece com nome. Está totalmente em branco. Ela se localiza no final da rua Odilon Braga…”
Fora isso, o fato de as ruas terem cancelas e guaritas fazem com que as corretoras de Imóveis coloquem isso como sendo uma “vantagem” na hora de anunciar o imóvel, como pode ser visto no seguinte link:
http://www.ibiubi.com.br/imoveis/apartamento+venda+belvedere+belo-horizonte+minas-gerais/rede-netim%C3%B3veis/IUID1974427/
Felizmente isso está mudando, com esta ação de resistencia do Professor Massote, que tem meu apoio. Segue um exemplo:
http://oglobo.globo.com/cidades/sp/mat/2010/06/23/mp-abre-inquerito-para-apurar-ruas-de-sp-fechadas-por-moradores-de-forma-irregular-916961113.asp
Até a vitória!